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quarta-feira, 06 novembro 2019 14:00

Defesa de Jean Boustani não quer que Denise Namburete, do FMO, deponha em Brooklyn

Os advogados de defesa de Jean Boustani, (Randall W. Jackson Michael S. Schachter), escreveram ontem um “affidavit” ao Tribunal que julga o vendedor de barcos da Privinvest em Brooklyn, Nova Iorque, insurgindo-se veementemente contra a possibilidade de a activista moçambicana, Denise Namburete, do Fórum de Monitoria do Orçamento (FMO), depor a favor da acusação.

 

“Representamos o réu Jean Boustani e escrevemos para solicitar respeitosamente que o Tribunal exclua o testemunho de Denise Namburete, testemunha que o Governo apresentou à defesa, pela primeira vez, na semana passada, a 28 de outubro”, começa assim o documento, que tenta a todo o custo descaracterizar a visada e o FMO, que congrega mais de 20 organizações da sociedade civil moçambicana.

 

 

Randall W. Jackson Michael S. Schachter tentaram descredibilizar Denise Namburete (e o FMO) nos seguintes termos:

 

 “Namburete é uma testemunha sem nenhum conhecimento pessoal do caso, mas é diretora de uma organização, o Fórum de Monitoria do Orçamento, que se envolve em protestos públicos a respeito de várias decisões orçamentais do Governo de Moçambique.

 

Entre outras causas, Namburete:

 

 a) actuou como ativista e litigante em apoio à extradição de Manuel Chang para os Estados Unidos, e não para Moçambique;  

 

b) juntamente com outras 21 organizações civis moçambicanas, argumentou publicamente que o Credit Suisse concordou com a actuação de Pearse, Subeva e Singh, a fim de obter lucros consideráveis ​​em Moçambique;

 

c) Se opôs publicamente a qualquer reestruturação dos Eurobonds, em que os investidores são reembolsados, ​​utilizando receitas provenientes dos projetos de Gás Natural Liquefeito;

 

d) apresentou vários documentos judiciais em Moçambique alegando que a garantia da EMATUM é inválida (apesar de a validade da garantia ser um assunto para tribunais ingleses); e

 

e) mantém uma presença activa nas redes sociais, inclusive no Twitter, onde frequentemente publica suas opiniões sobre os ‘empréstimos secretos’ sob a hashtag #ilegaldebts”.

 

A defesa Boustani, que mostra que tem estado a vigiar de perto os passos e acções de Namburete, “denuncia” o facto de, desde o início do julgamento, a activista ter publicado as incidências do processo, incluindo transcrições, o que lhe impede de ser arrolada como testemunha. “Permitir que uma activista que, antes de testemunhar, se familiarizou profundamente com todo o testemunho e as exposições já dadas contra Boustani, é injusto e profundamente prejudicial para o nosso cliente”, alega a defesa.

 

Os advogados exigem que o Tribunal exclua o depoimento de Namburete, porque “é irrelevante”. A relevância é definida em conexão com o escopo das questões materiais a serem decididas, isto é, os elementos da ofensa, defendem, acrescentando que o depoimento de Namburete seria baseado em boatos.

 

No fundo no fundo, a defesa de Boustani alega que Namburete não está habilitada a testemunhar sobre nenhum dos quatro crimes de que o seu cliente é acusado. “Namburete não é especialista. Pelo contrário, ela é uma activista que não esteve presente em nenhum dos eventos relevantes. O testemunho de Namburete de que ‘nenhuma das empresas está operacional, as empresas geraram ‘nenhuma receita’ e que não houve nenhum benefício para a Moçambique’ não parece basear-se em dados empíricos e é, na verdade, contrário aos factos estabelecidos”, rematam os advogados.

 

Denise Namburete está em Nova Iorque, preparada para depor em nome da sociedade civil moçambicana. O juiz do caso deverá analisar, nas próximas horas, os argumentos da defesa contra o seu testemunho e tomar uma posição. (M.M.)

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