O governador de Cabo Delgado pediu esta quinta-feira à população da província vigilância para evitar que rebeldes, que fogem à ofensiva da força conjunta de Moçambique e do Ruanda, “se misturem” com as populações deslocadas.

“Estes [terroristas] quando sentem o poder das nossas Forças de Defesa e Segurança põem-se em fuga. Ao escapar, também quererão se fazer passar por deslocados vindos das nossas aldeias. É aqui onde somos chamados a sermos vigilantes, pois é onde [os terroristas] vão querer se misturar“, disse Valige Tauabo.

O governador falava à população no âmbito de uma visita ao posto administrativo de Nairoto, distrito de Montepuez, na província de Cabo Delgado.

A luta contra os insurgentes ganhou um novo impulso, quando em 08 de agosto forças conjuntas de Moçambique e do Ruanda reconquistaram a estratégica vila portuária de Mocímboa da Praia, que esteve nas mãos de rebeldes por mais de um ano.

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O Ruanda destacou para Moçambique um contingente de 800 militares e 200 polícias para o combate aos grupos armados, no âmbito de um acordo bilateral com Maputo.

Valige Tauabo apelou ainda para que a população tenha maior cuidado ao albergar supostos deslocados dos distritos afetados pela insurgência no Norte da província.

Ninguém pode acomodar um deslocado de qualquer maneira. Agora já é diferente, se vamos acolher a quem tenha vindo desses distritos, é responsabilidade do acolhedor partilhar a informação com as estruturas locais”, frisou Tauabo.

Além do Ruanda, a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) destacou para Moçambique a Força em Estado de Alerta, lançada em 09 de agosto, para o combate aos grupos armados, mas ainda não foram relatadas ações de combate da missão.

Não é conhecido o número de efetivos militares que a SADC enviou para Moçambique, mas peritos da organização já tinham estimado em cerca de três mil o número de homens que deviam integrar a missão.

A província de Cabo Delgado, norte de Moçambique, é palco de ataques por grupos armados desde 2017, descritos por vários governos e entidades internacionais como “terroristas”.

Na sequência dos ataques em Cabo Delgado, há mais de 3.100 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED, e mais de 817 mil deslocados, segundo as autoridades moçambicanas.